Estava lendo esses dias uma notícia muito interessante de um gato mendigo de japona. Muito chique esse cara, vive em NY. Fiquei pensando nessa história de ser descolado e acho que andei buscando um pouco disso ultimamente. Conversando com muito gato de pedigree. Ouvindo música moderna e tomando biritinhas por aí. Passeando livremente pelas noites paulistanas. Êta, vida boa!
Em alguns momentos é incrível como o outro parece sempre ser mais interessante do que você. Porque é chato reconhecer, mas às vezes, é um porre ser a gente mesmo. Cansa. Daí você tenta ser mais legal, mais moderno, mais antenado, enfim, outro gato com uma vida bem diferente da sua. A fase é divertida, cheia de aprendizado, mas dura pouco. Porque você também cansa daquela vida demasiadamente descolada. Das roupas, da música, das pessoas. Daí você quer voltar a ser o que é: uma gata preguiçosa, que não gosta de delineador, ama a luz do dia, não faz escova, que assiste novela das oito e se pudesse tomaria sopa todos os dias. Isso não é muito glamoroso, né? Mas enfim, a fidelidade a si mesma ainda é o melhor entorpecente que criaram. Aquela sensação de orgulho de ser quem você é, sabe? Parece piegas, mas é um grande desafio nos dias de hoje.
Depois de tantas tentativas cheguei à conclusão mais evidente. Não adianta, sou gata sem raça e sem tribo. Apenas transito nas superfícies dessa cidade tão atraente. E meu charme está nisso. Vou continuar assim, pulando de telhado em telhado… Mas, calma! Retornando sempre para um cochilo bem preguiçoso no bom e velho sofá verde. Miau!