Das pessoas!
Era impressionante como eu tinha medo da escola, dos professores, da minha mãe quando corrigia meu caderno de tarefas. Daí quando fui crescendo, fui ficando com medo da palavra das pessoas. Dos comentários. Do que elas me diziam e que, sem perceber, ia se cristalizando durante minha infância, juventude e vida adulta.
O motivo desse post foi um texto que eu li no Sou tímido… Eu gosto muito da proposta e da coragem de expor e contar suas fraquezas e fragilidades (coisa que todo mundo tem, alguns encaram de frente, já outros…) desse blog. Sempre vou lá acompanhar as aventuras e desventuras de Marcelo. No seu texto, ele fala que cresceu ouvindo uma tia falando que ele era um merda. Acho que todo mundo tem um caso assim na família, né?!
Eu, por exemplo, cresci ouvindo que era feia. Explico: minha mãe era (é) uma mulher lindíssima. Loira, magra, olhos verdes, rosto de boneca. Ela casou com o meu pai, que é chileno, e para o meu azar (será?) eu nasci a cara do meu pai (tipo índio) ao invés de nascer a cara da minha mãe (tipo boneca).
Para piorar, quando eu tinha 9 anos meu pai foi embora e eu perdi todo o contato com a família dele (hoje tudo está diferente :)) Então, eu era a única neta, prima, sobrinha, pessoa com cara de índio. Pior, sem olhos verdes. Todos os netos eram loiros dos olhos claros (até nascer a Ste hihihi). Eu tinha o olho cor de mel. “De coruja” como dizia um amigo.
Eu lembro que quando era criança, eu chorava na frente do espelho me questionando porquê, porquê, porquêeeeee (sempre fui dramática) eu não tinha olhos verdes?! E, claro, sempre tinha alguém para falar – que pena que você não nasceu com o olho da sua mãe, né?!
Enfim, levei esse trauma por muuuiiiitttos anos. Até que um dia conheci a Fabricia. Uma menina lindíssima, daquelas de parar o trânsito que usava lentes de contato: cor de mel! Tipo, ela usava lentes para ficar com os olhos da cor do meu! Depois disso, nunca mais achei meus olhos feios. É claro que essa auto-aprovação não deveria vir dessa maneira, pelo outro. Mas foi assim. E ainda bem que um dia eu parei de me achar feia. (Ah, na TPM eu sempre me acho horrorosa, mas isso não conta :P)
As pessoas geralmente são muito cruéis com as palavras. Com as crianças isso tem um efeito catastrófico. Por isso, muito cuidado. Bom mesmo seria se ela fosse usada de uma maneira mais doce, mais gentil né?!